A letra A às vezes adormecia, conta a letra Z. Mas não lhes era permitido.
Estava decidido e escrito no Pergaminho que era o regulamento do alfabeto.
Uma vez o A, letra da História, que ficara encarregue de fazer o puzzle. Apesar dos adoráveis desenhos e pinturas, deixou cair as pernas e adormeceu por alguns momentos. As pernas, muito arredondadas, continuavam a sua tarefa…
Duas peças do puzzle foram trocadas. Iniciou-se uma terrível confusão. Juntaram-se, então, as peças F e Z.
As consoantes, que nessa manhã se preparavam para ir ter com as vogais, apanharam um grande susto. Havia traços e riscos por todo o lado a tentarem apanhá-las. O objectivo era riscá-las.
Nessa altura, a consoante mais esperta, a letra L, escondeu-se num beco e telefonou para a PIAL (Polícia Internacional de Ajuda a Letras), explicando o estava ali a decorrer. Passados alguns momentos, apareceu a polícia e, com as suas armas altamente perigosas e mortíferas, a borracha e o corrector, destruíram todos os riscos e vestígios do mesmo tipo.
As consoantes C, B e N não conseguiram sobreviver ao ataque. Foi pena! Em sua memória, foram colocadas três lápides no cemitério do abecedário.
No dia seguinte voltou tudo ao normal. Todas as letras voltaram para as suas palavras preferidas. Todas, não! O A foi excluída do alfabeto por duzentos mil e quarenta e nove anos e quatro meses.
. Poema da Andreia Gonçalve...