Não sei que diga.
E a quem o dizer?
Não sei que pense.
Nada jamais soube.
Nem de mim, nem dos outros.
Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas...
Seja do que for ou do que fosse.
Não sei que diga, não sei que pense.
Oiço os ralos queixosos, arrastados.
Ralos serão?
Horas da noite.
Noite começada ou adiantada, noite.
Como é bonito escrever!
Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito.
Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.
No tempo vago...
Ele vago e eu sem amparo.
Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das
horas. Mortas!
E por mais não ter que relatar me cerro.
Expressão antiga, epistolar: me cerro.
Tão grato é o velho, inopinado e novo.
Me cerro!
Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados,
solta a outra, de pena expectante.
Uma que agarra, a outra que espera...
Ó ilusão!
E tudo acabou, acaba.
Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda?
Silêncio.
Nem pássaros já, noite morta.
Me cerro.
Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência e
solidão.
Da indiferença.
Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada.
Noite vasta e contínua, caminha, caminha.
Alonga-te.
A ribeira acordou.
Entrega dos poemas
27 de Abril de 2007
O Dia Mundial da Poesia foi instituído na 30ª Conferência Geral da UNESCO, em 1999.
O IPLB convida-o a enviar-nos um poema da sua autoria ou a dizer-nos qual o seu poeta preferido, até 15 de Abril, para ddlpl@iplb.pt.
"Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge.
Esta data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas UMA ROSA VERMELHA DE SÃO JORGE (Saint Jordi) e recebem em troca, UM LIVRO.
Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exactamente a 23 de Abril.
Partilhar livros e flores, nesta primavera, é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão.
Ciclo de Magia
Silêncio…
Tumulto calado que paira no ar
Arrepio sombrio que me faz pensar…
No que serei,
No que fui,
No que sou.
Uma reflexão contínua e essencial
Que dá cor aos dias vazios
Frios,
Sós…
Que escondem a dor que sofrem
E se desbotam numa lágrima solta
Que dá voz aos sons calados
Já fartos de ser assim.
Caio em mim,
A noite já se deitara
E os raios de sol beijam o rosto da seara
Que abraçou o nosso olhar.
O cheiro esgotado de aromas desiguais
Funde-se num suspiro profundo
Sem saber porquê
Nem o mundo se consegue explicar…
Tudo é diferente agora
O sabor dos sentimentos
Vê a hora de regressar..
Anoiteceu de novo
E o casulo dos sonhos volta a nascer…
A lua confortou-me
E a escuridão sem querer
Abraçou a minha visão.
Um misto de medo e soberba magia
Permanece até o sol nascer
E de novo dizer:
Acordei!
LIBERDADE
Liberdade
Palavra que o Homem
Usa e tanto
Esquece o seu significado…
Liberdade
Que busca sentimentos,
Palavras e emoções.
Liberdade
Onde estás?
Eu sei…
Estás nestes versos
Que escrevi.
Ai, liberdade
Como é bom
Estares aqui.
Enigma de tempos...
O hoje e o amanhã...
O presente, o futuro...
Nada mais certo...
Do que a profunda incerteza dos acontecimentos,
Que marcam cada passo...
Da longa viagem da vida!
O presente é o agora!
O que sinto e não sinto....
O que faço e não faço...
Tudo acontece agora...
Tudo lembra o passado...
O futuro...
O que sentirei e não sentirei!
O que irei fazer e não irei fazer!
Na eterna certeza de errar!
Na a minha mente ficará um enigma...
Difícil de decifrar...
Não desistirei!
Vou avançar!
Vou caminhando...
A curtos passos...
Até ao fim!
Vou vivendo cada momento como fosse o último!
Primavera
A Primavera chegou,
Os pássaros cantam,
As árvores dançam,
Tudo se torna uma alegria!
As flores começam a crescer,
A tristeza começa a desaparecer,
É tão bonita a Primavera!
Nesta estação,
A chuva cai com fraqueza,
O vento passa ligeiro,
É tão bonita a Primavera!
Não vou desistir
Olhei para trás
E nada vi
Algo se aproximou
E nada senti
Parecia nevoeiro
E não o segui
Não sei o que era
Só sei que fugi
Tropecei num degrau
Quase caí
E uma voz mágica
Baixinho falou
“Sobe a escada
Degrau a degrau”
Sem dar por isso
Aqueles degraus
Comecei a subir
Onde irão dar?
Não vou desistir…
Hoje acordei muito bem disposto.
Saí pela porta fora
tudo estava vermelho
o Sol, o Céu
as nuvens, as pessoas
e tu também...
Pensei para mim
Olhei para ti...
O meu coração
disse-me
"Estás apaixonado"
Fiquei parado
Sem saber o que fazer
o que pensar...
Uma rapariga aproximou-se
vestida de vermelho
diferente de todas as outras
Muito bonita
de vermelho
de vermelho
Vermelho
da minha paixão.
Olá Estranho…!
Não sei,
Como posso saber?
Não te conheço!
És um estranho!
Mas, chegaste a horas,
Mesmo a tempo,
No momento exacto,
Mudaste a minha vida…
Gostava de perceber porque és estranho…
Porque não te consigo conhecer …
Não sei,
Apenas não consigo!
É estranho!
Era bom ver-te,
Ouvir a tua voz,
Sentir o teu toque,
Conseguir traçar as linhas do teu rosto numa folha…
Não consigo!
É impossível!
Agora que te vais embora,
Gostava de ficar com um vazio,
Sentir a tua falta por partires,
Mas não sinto…
Não consigo…
Não te conheço…
És um estranho!
Até qualquer dia, Estranho…!
A Primavera
A Primavera é a estação do renascimento,
A vida ressurge e esquece o rigor do Inverno,
As terras vestem-se de verde e de todas as cores.
A Primavera é a estação que antecede o Verão.
A primeira, a mais vibrante e amena,
a segunda, a mais quente estação.
A Primavera também é a época do amor
Das alegrias e das alergias,
Das correrias e das mudanças,
Do início do bom tempo e do calor.
É na Primavera que começamos
Com as roupas ligeiras, largas, com mangas curtas,
E com as férias grandes sonhamos...
. Poema da Andreia Gonçalve...