História antiga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
A todos um Bom Natal
A todos um Bom Natal
Que seja um Bom Natal, para todos vós
Que seja um Bom Natal, para todos vós
Aos alunos, aos professores, aos pais e encarregados de educação, aos nossos visitantes.
Profª Lídia Silva
Embora o conto seja hoje uma forma literária reconhecida e utilizada por inúmeros escritores, a sua origem é muito mais humilde. Na verdade, nasceu entre o povo anónimo. Começou por ser um relato simples e despretensioso de situações imaginárias, destinado a ocupar os momentos de lazer.
Dada a sua origem popular, o conto de que falamos aqui não tem propriamente um autor, entendido como um ser humano determinado, ainda que desconhecido. Na realidade ele constitui uma criação colectiva, dado que cada "contador" lhe introduz inevitavelmente pequenas alterações ("Quem conta um conto, acrescenta um ponto.").
Por outro lado, é bom ter consciência de que os contos populares com que hoje nos defrontamos são diferentes daqueles que, durante séculos, foram transmitidos oralmente de geração em geração.
Em primeiro lugar, porque o seu registo por escrito implicou necessariamente alguma re-elaboração.
Em segundo lugar, porque no acto de narração oral o código linguístico era acompanhado por outros códigos, variáveis de contador para contador e irreproduzíveis na escrita (a entoação, a ênfase, os movimentos corporais, a mímica...).
O interesse dos intelectuais pelo conto popular surgiu no século XVII, quando, em 1697, Charles Perraut publicou a primeira recolha de contos populares franceses, que incluía histórias tão conhecidas como "A Gata Borralheira", "O Capuchinho Vermelho" e "O Gato das Botas".
Esse interesse pela literatura popular acentuou-se no século XIX, com os trabalhos dos irmãos Grimm, na Alemanha, e Hans Christian Andersen, na Dinamarca.
Em Portugal destacaram-se nessa tarefa investigadores como Teófilo Braga, Adolfo Coelho, Leite Vasconcelos e Consiglieri Pedroso.
O próprio Almeida Garrett recolheu no seu Romanceiro numerosas narrativas em verso, que são afinal parentes próximos do conto popular.
Relativamente ao conto popular convém demarcar algumas características distintivas:
FUNÇÕES DO CONTO POPULAR
ESTRUTURA DO CONTO POPULAR
Conflito dramático: ordem existente=>ordem perturbada=>ordem restabelecida
Personagens: => vítima (objecto da perturbação);
TIPOLOGIA DO CONTO POPULAR
Há vários tipos de textos que integram as características do conto popular: recorre a personagens anónimas, num tempo e espaço indeterminados;
Conto:
Registo de língua
0 registo de língua popular é aquele que mais se distancia da norma. É, regra geral, usado pelas camadas menos alfabetizadas da população, cujo vocabulário é muito simples e genuíno (tendendo para a omissão de sílabas na palavra) e a sintaxe é, por vezes, incorrecta. Utiliza?se em conversação e até em obras literárias que pretendem reproduzir a língua falada pelas classes menos instruídas.
O tempo, no conto tradicional, é geralmente indeterminado (“Era uma vez...”, “Naquele tempo...”, “Há muitos anos...”).
O que importa não é a localização temporal dos acontecimentos, mas o modo como eles aconteceram.
O passado para que o conto nos reenvia só interessa na medida em que atesta que a matéria a narrar já aconteceu e que, por isso mesmo, vale, sobretudo, pela sua exemplaridade.
Pai Natal, vem, por favor!
Traz zincos p'rás escolas,
Traz giz, traz quadros,
Cadernos, lápis e livros!
Traz carteiras e armários,
E professores e alegria!
Pai Natal, vem, por favor!
Traz a chuva e verdura,
E frutas, milho e arroz
Nos campos dos nossos pais!
Harmonia entre os adultos,
P'ra nós, a certeza da paz
Xanana Gusmão
No texto injuntivo-instrucional , o leitor recebe orientações precisas no sentido de efectuar uma transformação.
O texto injuntivo-instrucional é marcado pela presença de tempos e modos verbais que apresentam um valor directivo: imperativo , presente do conjuntivo , infinitivo.
Este tipo de texto distingue-se de uma sequencia narrativa pela ausência de um sujeito responsável pelas acções a praticar e pelo carácter directivo dos tempos e modos verbais usado e uma sequência descritiva pela transformação desejada.
Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não executar) tal ou tal acção. As formas verbais específicas destas frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das formas do injuntivo.
Textos injuntivo-instrucionais:
Instruções de montagem/ receitas/ horóscopos/ provérbios/ slogans ...
são textos que incitam à acção, impõem regras; textos que fornecem instruções. São orientados para um comportamento futuro do destinatário.
Advérbio
Palavra invariável, em género e em número que é o núcleo do grupo adverbial, que pode desempenhar diferentes funções sintácticas na frase.
Distinguem-se várias subclasses de advérbios, sendo o contexto é fundamental para as identificar.
Os advérbios podem desempenhar diferentes funções sintácticas numa frase: complemento adverbial ou modificador adverbial ou mesmo modificador da frase.
Dormi miseravelmente .
Estou muito aborrecido.
Hoje vou escrever um poema.
Sou agora um verdadeiro poeta.
Locução adverbial
São expressões ou grupos de palavras que, no seu conjunto, funcionam como advérbios.à noite; à tarde; às vezes; de dia; de manhã; de noite; de quando em quando; de vez em quando; de tempos a tempos; em breve; por vezes, com certeza; com efeito; de facto; na verdade; sem dúvida, por acaso, em geral,
Subclasses dos advérbios
1. advérbio de negação
2. advérbio adjunto
É o núcleo de um grupo adverbial interno ao grupo verbal.
Conforme indique uma ideia de tempo, lugar ou modo relativamente à acção referida pelo verbo, assim é:
advérbio adjunto de tempo
Ontem, eu era um adolescente curioso.
advérbio adjunto de lugar
Ela mora ali.
advérbo adjunto de modo
Comi pessimanente naquele restaurante.
O cao portou-se bem esta tarde.
Nota:
Um erro frequênte é a acentuação dos advérbios de modo terminados em -mente.
Isto acontece quando os advérbios são formados a partir de adjectivos acentuados, como por exemplo, rápido.
Ora, se rápido é uma palavra esdrúxula (=acentuada na antepenúltima sílaba), caindo a sílaba tónica em rá, rapidamente tem a sílaba tónica em men.
Não há acentos neste tipo de advérbios.
Assim:
fácil - facilmente
ágil - agilmente
agradável - agradavelmente
3. advérbio disjunto
Provavelmente, outros adolescentes interessam-se pelo assunto.
O advérbio não modifica o grupo verbal;
O advérbio é um modificador adverbial da frase.
4. advérbio conectivo
Primeiro Marco viu a rapariga, depois cumprimentou-a.
Estes advérbios servem de conectores entre os diferentes elementos da frase.
A TLEBS (terminologia linguística para o ensino bésico e secundário) é omissa quanto à classificação de alguns advérbios.
Aqui fica uma classificação tradicional até à nova versão da TLEBS...
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O grau dos advérbios
1. Grau dos adverbios (normal e comparativo)
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(1) Os comparativos regulares mais mal e mais bem devem usar-se antes de adjectivos particípios. Ex.: Este filme está mais bem realizado do que ...
Grau dos advérbios (normal e superlativo)
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Há advérbios que não se flexionam em grau porque o próprio significado não admite variação de intensidade.
Exemplo: aqui, ali, lá, hoje, amanhã, anualmente.
O advérbio não tem variação em pessoa nem em número. Há advérbios que, como o adjectivo, aprersentam flexão em grau.
O verbo é o núcleo do grupo verbal e pertence a uma classe aberta de palavras.
O verbo exprime acções, estados, acontecimentos considerados em modos diferentes.
O verbo é uma palavra variável em:
- pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoas.
- género: feminino e masculino.
- número: singular e plural.
- tempo: presente, pretérito(simples e composto), imperfeito; mais-que-perfeito (simples e composto) e futuro (simles e composto)
- modo: exprimem maneiras diferentes de encarara o acto de falar.
1. O falante encara o acto de falar como real: MODO INDICATIVO.
2. O falante encara o acto de falar como uma probabilidade: MODO CONJUNTIVO.
3. O falante exprime uma ordem, um conselho, um pedido: MODO IMPERATIVO
4. O falante encara o acto de falar como uma hípótese dependente de uma condição: MODO CONDICIONAL.
5. O acto de falar é encarado genericamente: MODO INFINITIVO.
- voz: a frase passiva resulta de uma transformação da frase activa, o sujeito transforma-se em agente da passiva e o complemento directo em sujeito; paralelamente, o verbo passa a ser conjugado na voz passiva.
Exemplo: Os turistas visitaram a cidade. (frase activa)
A cidade foi visitada pelos turistas.(frase passiva)
o complemento directo passa a sujeito;
o sujeito passa para complemento agente da passiva;
a forma verbal passa para a voz passiva.
O agente da passiva é normalmente introduzido pelas preposições por e de.
Existem três conjugações. A 1.ª, de tema em -a-, reúne verbos como amar, andar, ...; a 2.ª, de tema em -e-, inclui verbos como comer; a 3.ª, de tema em -i-, integra verbos como partir.
Habitualmente excluem-se das três conjugações os verbos irregulares, que não se conjugam como a maioria dos verbos com idêntica terminação – como, por ex., ser, ter, pôr (outrora poer) – tratando-os como um grupo à parte que, todavia, não constitui uma outra conjugação.
Sublasses dos verbos:
1. verbo principal
- verbo impessoal
- verbo intransitivo
- verbo transitivo
2. verbo copulativo
3. verbo auxiliar
Os verbos, quanto à flexão podem ser:
regulares
irregulares
verbos pronominais
verbos pronominais reflexos
abundantes
verbos defectivos
modo indicativo : o modo indicativo eprime um facto como real.
Presente:
1. para referir um facto que aconte no momento em que acontece a enunciação.
A nossa turma tem um Blog.
2. para indicar acções ou estados que não se alteram com o tempo.
A Terra gira `volta do Sol.
3. para marcar uma duração prolongada.
Vivo aqui desde que nasci.
4. para aproximar da actualidade um facto passado (presente histórico).
Em 1143 nasce Portugal.
5. para expressar um facto habitual.
Tomo o pequeno almoço todas as manhãs.
6. para aproximar do momento actual um facto futuro.
Para a semana começam as férias.
7. para fazer uma intimidação.
Agora ficas calado e acabas o trabalho.
Pretérito imperfeito:
Elas liam um livro quando tocou o telefone.
1. exprime um facto anterior ao momento da enunciação, inacabado. Sugere uma ideia de duração.
2. exprime delicadeza, atenua um pedido:
Queria um sumo de fruta, por favor.
3. situa vagamente no tempo os contos, fábulas:
Era uma vez uma turma que tinha um Blog.
4. emprega-se em vez do condicional para exprimir um facto que seria consequencia de outro, mas que não se verificou:
Se ela tivevess estudado, melhorava as notas.
Pretérito perfeito:
Agora mesmo, enquanto trabalhava no vosso Blog, alguém espreitava do outro lado ... Fizeram-se um sinal, disseram-se que estavam lá, que estavam aqui ... Obrigada Ângela e Raquel!
. Poema da Andreia Gonçalve...